Fibrilhação Auricular em Cidadãos Idosos

Peritos recomendam rastreio da fibrilhação auricular em cidadãos idosos para reduzir o risco de AVC e morte. Nova publicação do jornal “Circulation”, propriedade da “American Heart Association”.


O rastreio de fibrilhação auricular (FA) assintomática em cidadãos com 65 anos ou mais e o seu tratamento com recurso a anticoagulantes pode prevenir anualmente milhares de AVCs a nível mundial, diz um painel de peritos de elevada reputação e cariz na publicação de hoje do jornal “Circulation”, propriedade da “American Heart Association”.

Uma colaboração internacional, AF-SCREEN, está por trás deste impulse global para introduzir programas nacionais de rastreio para a condição cardíaca frequente que é a FA, a qual despoleta AVCs catastróficos.

A FA é uma arritmia cardíaca grave e frequente, responsável por um terço dos AVCs. Isto acontece porque o ritmo cardíaco alterado conduz ao risco de haver formação de coágulos sanguíneos dentro do coração. Quando estes coágulos se libertam, normalmente chegam até ao cérebro, causando AVCs graves.  

Cerca de 10 por cento dos AVCs isquémicos são provocados por FA que é detectada pela primeira vez ao ocorrer o AVC. A FA assintomática subjacente a estes AVCs não é incomum e pode ser facilmente detectada por uma simples avaliação manual da pulsação, ou através de dispositivos de ECGs portáteis que permitem um diagnóstico em menos de 1 minuto.

“Os AVCs resultantes da FA são maiores, mais graves e mais difíceis de sobreviver do que os outros AVCs” diz a Prof. Alves da Costa, professora de saúde pública no ISCSEM e investigadora do CiiEM. “Se formos capazes de proteger as pessoas vulneráveis de virem a sofrer um AVC, pouparemos aos cidadãos e seus familiares muita mágoa”.  

Dados estatísticos da World Heart Federation evidenciam que 15 milhões de pessoas sofrem um AVC por ano, quase seis milhões morrem, e outros cinco milhões ficam permanentemente incapacitadas.

“O rastreio generalizado da FA assintomática em pessoas com 65 anos ou mais é uma estratégia custo-efetiva para reduzir os AVCs e a incapacidade por eles causada, e que pode salvar vidas,” diz a Prof. Alves da Costa. “No entanto, tal não é ainda amplamente reconhecido nas orientações clínicas,” diz a Prof. Alves da Costa.

A Prof. Alves da Costa é membro da colaboração internacional AF-SCREEN, composta por mais de 130 cardiologistas, neurologistas, médicos de família, economistas da saúde, enfermeiros, farmacêuticos e organizações de apoio à pessoa com doença provenientes de 33 países. O White Paper foi escrito por 60 membros do AF-SCREEN.

“Existe ainda evidência robusta que a deteção da FA antes do desenvolvimento de sintomas, e o seu tratamento com anticoagulantes orais e outras terapêuticas, pode reduzir grandemente o risco de AVC, e reverter parcialmente o risco acrescido de morte associada,” diz ela.

Foi demonstrado que o rastreio pode detetar 1 a 3% de casos de AF não diagnosticada em pessoas com idades compreendidas entre os 65 e os 75 anos de idade.

Considerando que é extremamente simples detetar a FA, e que os resultados negativos podem ser substancialmente modificados pelo tratamento, a colaboração AF-SCREEN acredita que o rastreio é uma estratégia razoável e custo efectiva para a identificação de ritmos cardíacos alterados nos idosos nas comunidades, bem como nas clínicas.  

O White Paper apela aos governos em todo o mundo para introduzirem os rastreios a todos os idosos, a partir dos 65 anos. Os programas poderão ser desenvolvidos através de médicos de família, farmácias ou mesmo nas comunidades, e poderão ser efetivados através da avaliação manual da pulsação, da monitorização da pressão arterial, ou idealmente através de um dispositivo de ECG portátil, a melhor forma de oferecer um diagnóstico de FA fiável.

Aqueles com preocupações sobre o seu batimento cardíaco e o risco de AVC devem agir. “Se tem 65 anos ou mais, deve pedir ao seu médico para avaliar a sua pulsação, ou pode também visitar uma farmácia entre 5 e 11 de Junho e pedir que lhe façam uma demonstração de como avaliar em casa se a sua pulsação é regular como um relógio,” ela diz. “Se for irregular, pode necessitar de realizar um ECG e ser encaminhado para o médico para ter a FA diagnosticada e medicada.”

Factos sobre a Fibrilhação Auricular, seu rastreio e tratamento:

  • A fibrilhação auricular (FA) é responsável por um terço de todos os AVCs.
  • 27 por cento dos AVCs relacionados com FA (equivalentes a 10% de todos os AVCs) não são detetados antes do AVC porque a FA é frequentemente assintomática (sem sintomas aparentes e não reconhecida pela pessoa com FA).
  • Os AVCs relacionados com FA são maiores e mais graves e causam maior incapacidade que os AVCs não relacionados com FA.
  • O rastreio generalizado da FA assintomática em pessoas com 65 anos ou mais seria uma forma potente de prevenir os AVCs e a carga da doença associada, porque os AVCs relacionados com AF são largamente preveníveis através do tratamento com anticoagulantes orais.
  • Está na hora de incluir o rastreio da FA nas orientações clínicas nacionais e internacionais.  


AF-SCREEN International Collaboration website:  www.afscreen.org

The White Paper, Screening for Atrial Fibrillation, A Report of the AF-SCREEN International Collaboration, has 60 contributing authors.
Circulation May 9th 2017 issue 19; Vol 135: page numbers to be confirmed.



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